E Tão Bom Amar


gosto tanto de ti... meu amor
amo-te tanto que até me dá medo
de que algum dia eu precise de ti
até para respirar
amo-te muito, e muito nem é tanto assim
estou adito a ti e não consigo parar
vou-te amando a distancia
desfrutando dos momentos que passamos juntos
nem que tivessem durado só cinco minutos

saber que existes já me preenche
fico feliz só de te ouvir falar
quem já amou sabe o que sinto
e quem nunca viveu assim
julga fantasia, esta maneira de amar

és minha musa inspiradora
que me adoça na boca e floresce na mão
se não escrevesse talvez pintasse
com tintas doces numa grande tela
um enorme coração

mas fica sendo o nosso segredo
de minha boca não sairá nada
guardarei bem juntinho ao peito
a eternidade daquele beijo
em que derramei a ultima lágrima
e é tão bom amar

ate já


se algum dia eu partir para bem longe
para um lugar onde não me possas ver
lembra-te de mim
lembra-te do meu sorriso a olhar para ti
se algum dia eu já cá não estiver
guarda essa imagem
bem junto a teu peito

quantas vezes eu te toquei
quantas vezes eu te abracei ou beijei
quantas vezes fomos felizes juntos
por isso e por tudo o que passamos eu peço
lembra-te de mim
para preencher este vil vazio que nos separa
e parte o coração
lembra-te, pois também eu me vou lembrar

tudo o que fiz foi por bem querer
por amizade e ate mesmo amor
e tu, tu preencheste-me a vida
cheia de alegrias e algumas tristezas
mas tudo, tudo fez parte de um bem superior
por isso, lembra-te de mim

e se tudo isto foi verdade
e existiu, de certo ainda nos vamos encontrar
e voltar a rir, a brincar e até sonhar
sonhar com o que está para vir
porque a vida não acaba aqui
e ainda muitas historias há para contar
por isso lembra-te de mim
e até lá que tudo de bom haja
num sorriso um até já

Dentro de mim


Sou escritor sem pena
Histórias ficam dentro de mim
Sou poeta sem amores
Por quantos foram que eu já me esqueci
Salteador ou trovador
Quantas conquistas através de derrotas
Por não as guardar dentro de mim

Promessas que se tornaram mentira
Contos e histórias inacabadas
Ate chegar aqui
Terei eu que voltar a traz
Reconstruir o que destrui
Acabar o que comecei
Para poder voltar
Para regressar aqui

Sou soldado sem fuzil
Numa guerra de pedras que teimam sempre a cair
Em cima de mim
Procuro um esconderijo, algo que me aqueça
Quando a noite está para vir
Sou colmeiro das minhas redes
Que pescam por arrasto
Arrasto o entulho de minha loucura
Eternamente e sem razão
Arrasto a tralha de minha amargura
Entranha e sem razão

Como eu era pequeno!


ontem, caminhei com um grande homem...
hoje, eu caminho sozinho...
e amanha, amanha deixarei de caminhar
para que outros possam seguir o meu caminho

ontem, eu era um grão de pó, num mundo de gigantes
aprendi com os melhores e lutei com os mais ferozes
hoje, eu chorei, quando me vi, reflectido nas aguas deste rio
as marcas das batalhas estampadas na cara
e um olhar quase sem alma, ai eu percebi
o quão tenebroso o amanhã pode ser

o amor fizera a minha dor
pois quanto mais amai, mais chorei
contei os minutos para amanhã, sempre que anoitecia
para correr no prado mais uma vez
molhar os pés no rio ao amanhecer
e gritar do rochedo mais alto em direcção ao vale

meus medos, eu libertei
a raiva que senti ao ver o pecado do mundo
deixei-a sentada esperando por mim
numa pedra no fundo do lago
a inveja, eu nunca falei,
mas ao orgulho, sempre que pude, eu abracei

hoje, o agora bateu-me a porta
veio mostrar-me as fotografias que me tirou
como eu era pequeno, como se de um avatar sem expressão
no meio de um livro de paginas em branco
mas logo uma historia surgiu
foi a minha vida que dali sorriu para mim

fiquei estupefacto, meio envergonhado!
mas muito, muito admirado com o meu reflexo naquele espelho
espelho de agua feito de papel, cheio de palavras interpoladas
que muitas em mim, quase não me diziam nada

foi como uma revisão das pequenas historias
com grandes glorias, e algumas tristes derrotas
que fizeram deste momento eterno
permanecer na mente de um trovador

e mais não digo, para mais tarde
antes de dormir, ler mais um pouco
e saber mais da vida deste sonhador...

Primario


Encontro-te deitado inerte,
Não fazes nada de bem que diga,
Não dizes nada, que me alegre,
Não mexas as patas, nem para te coçar
A preguiça é pecado capital

Já ouve alguém que te tivera dito?
És uma besta-quadrada
Estúpido de mais para ser ofendido
Mas tu nem ripostaste, de certo não percebeste
Nem sequer levaste a mal

Não ouves o que te dizem
Mas que estranha apatia, que focas o olhar nessa janela
Só engordas e não produzes
Vives na ilusão de que algo mais há-de vir
És odiundo, um símio Neandertal
Contradizes toda uma evolução milenar

O prazer de que se tem ao falar
Tu deitas por terra ao som do grunhido
Que te salta desse orifício bocal
Não mexas essas patas
Porque mãos têm os bodes
Que também falam a sua própria língua
Quando querem comunicar

E no que tocas, logo, logo, vira esterco
Que nem dá para fertilizar
Não levantes uma palha e não pares de ruminar
Porque o teu fim já todos sabem
Como qualquer outro dia que passas
Será de pernas para o ar

És ridículo, e fazes-me rir
E eu só te vejo a engordar
Por mais que te gabes do que não és
Eu só te ouso a relinchar
És o primata dos mais primários
E só mesmo um gorila para te ensinar
Que na vida o sol é de todos
E tu só nasceste para atrapalhar

Coisas


Há coisas e coisas
Há coisas que não se explicam
Há coisas que não se dizem
Há coisas que não se falam
Há coisas que não se vêem
Há coisas e coisas

Entre o céu e a terra, entre a espuma do mar
Entre o amar e calar, entre a bela e a fera
Entre a vida e os dias
Dias cheios de luz onde te cega o olhar
Onde a vida termina, onde o pecado era a cruz
É o inicio de uma nova era
Explicar para quê, dizer então
Não se fala nem ouve
A dor no coração, a dor no coração

Raras são as coisas que nos dão razão
Que nos pegam e confortam
Que nos dão a mão
Há coisas e coisas
Que não se explicam nem dizem
Que não falam nem se vêem
Estão connosco essas coisas
Dar-nos-ão vida ou sofrer
Mas não passam de coisas
Que iram sempre aparecer